Como ficarão os espaços das empresas depois da COVID-19?
Final de março de 2020. Algo inimaginável aconteceu. Ruas desertas. Estabelecimentos fechados. Crianças em casa. Isolamento social. E o trabalho nosso de cada dia, como ficou?
No começo, os funcionários das empresas que tinham condições foram mandados para casa. E o que se viu para surpresa de todos: eles fizeram o trabalho, aparentemente sem perder o ritmo. Os executivos ficaram surpresos com o desempenho de seus funcionários remotamente, mesmo enquanto acumulavam cuidados com as crianças e das distrações de casa.
Estaria ali uma nova maneira de se trabalhar? Algumas empresas até prometeram abrir mão de seus escritórios físicos inteiramente. O mercado ficou estarrecido. Como seriam os escritórios do futuro pós-pandemia? Com os funcionários trabalhando em casa, alguns espaços de trabalho seriam reduzidos à metade, ou menos.
Agora, à medida que o experimento de trabalhar em casa se estende, algumas rachaduras estão começando a surgir. Projetos levam mais tempo. As distrações vão aparecendo. O treinamento é mais difícil. Contratar e integrar novos funcionários, mais complicado. Empresas têm culturas próprias e sem a convivência diária de seus colaboradores essa cultura desaparece.
Alguns empregadores dizem que seus funcionários parecem menos conectados, e os chefes temem que os profissionais mais jovens não estejam se desenvolvendo da mesma forma que nos escritórios, sentando-se ao lado dos colegas e absorvendo a maneira como fazem seus trabalhos.
Decorridos quatro meses e a pandemia arrefecendo, os executivos das grandes empresas começam a analisar o trabalho remoto que, embora necessário para segurança durante grande parte deste ano, não é sua solução preferida a longo prazo depois que a crise do coronavírus passar.
E por que a produtividade no início não só não caiu como, em muitos casos, aumentou? Segundo Laszlo Bock, executivo-chefe da startup de recursos humanos Humu e ex-chefe de RH do Google, “Isso não será sustentável” e completou: “Nenhum CEO deve se surpreender que os primeiros ganhos de produtividade testemunhados pelas empresas com o trabalho remoto tenha atingido o pico e se estabilizaram, porque os trabalhadores deixaram seus escritórios em março armados com laptops e uma sensação de desgraça… a produtividade motivada pelo medo não é sustentável”, disse.
No momento, o trabalho remoto ainda será uma realidade para boa parte das empresas, principalmente para os funcionários com mais de 60 anos e/ou alguma comorbidade. Adequações para a volta também estão sendo implementadas. A distância entre o mobiliário para permitir uma convivência segura, em tese, aumenta o número de metros quadrados necessários. Ou seja, ainda não dá para diminuir esses espaços.
Outro ponto elencado pelos executivos da área de RH é que a distância entre os colegas elimina a “linguagem corporal”, muito importante para melhorias de algumas áreas do desenvolvimento corporativo. Acreditem ou não, as brincadeiras, fofocas, as identificações interpessoais que favorecem a formação de grupos dentro das corporações são fatores importantes para o bom desenvolvimento das empresas. O happy-hour que acontece depois do expediente traz uma série de benefícios para as empresas e seus participantes.
Resumindo, a pandemia está passando, as pessoas estão começando a sair de casa, já se discute a volta às aulas, fronteiras antes fechadas estão se abrindo, e a vida começa a voltar ao normal. E o normal é ter uma vida profissional apartada da íntima. Compartilhar experiências com os colegas é fundamental, assim como as escolas sociabilizam nossos filhos e netos.
Nos EUA, onde as locações comerciais têm os contratos com duração de 8 anos, até agora não houve êxodo ou renegociações de prazo, de acordo com uma análise da agência de classificação de crédito Moody’s Investors Service, num relatório do início de julho.
E aqui, nordeste do Brasil, como ficam as locações comerciais? Ainda é cedo para “cravar” uma tendência, mas tudo indica uma manutenção dos espaços atuais, talvez com algumas alternâncias nas jornadas de trabalho, com uma maior flexibilização nos horários. Tudo ainda está muito recente.
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